sexta-feira, 29 de abril de 2011

A irrespirável atmosfera política

Fernando Gabeira – O Estado de S.Paulo

Uma grande discussão sobre as classes médias emergentes foi provocada por um artigo de Fernando Henrique Cardoso. É um debate típico de grupos que disputam o poder estatal. Mas existe no mundo também um grande debate voltado para as pessoas que não disputam o poder estatal, não têm projetos de salvação, muito menos acreditam no mito do fim dos tempos.

Bruno Latour, na introdução do livro de 1.070 páginas Atmosferas da Democracia, que traz inúmeras contribuições criativas, usa uma imagem que talvez sintetize o sentimento das pessoas diante da política. Segundo ele, há conjunções planetárias tão pavorosas que os astrólogos recomendam que fiquemos em casa até que os céus mandem novas mensagens. A cena política, com seus picaretas, bufões, terroristas, é algo que desanima.

Mas se é assim, por que tanto esforço e tanto papel para detectar novas possibilidades? O próprio Latour responde no parágrafo seguinte: a astrologia e a ciência política não são exatas e há sempre a possibilidade de novas conjunções, de mudanças. O momento de desespero político permite, pelo menos, que se investiguem outras ideias, novas matérias. Aliás, a tônica de sua intervenção é defender uma política orientada para o objeto, uma política que não seja realista como no tempo de Bismarck porque a palavra realidade perdeu o sentido, diante de tantos crimes cometidos em seu nome.

De forma mais abstrata, esses temas podem ser discutidos numa série de conversas que estou preparando. No momento, vou usá-los, parcialmente, para expressar minha perplexidade diante do que acontece na Líbia.

Por que na Líbia? No século passado aderi ao socialismo revolucionário, que continha uma proposta de salvação. Nas últimas décadas tenho defendido a luta ecológica, que também encerra, embora muitos não percebam, elementos da mitologia religiosa, como o fim dos tempos.

Neste princípio do século 21, sinto a democracia liberal, pressionado pela busca de recursos naturais, caminhar pelas mesmas trilhas mitológicas, da invasão do Iraque aos bombardeios à Líbia. A suposição de que um regime político pode ser imposto de fora para dentro, com a força das bombas, só pode ser movida por sentimentos religiosos de salvação.

John Gray, cujo livro Anatomia acaba de ser lançado no Brasil, abordou essa questão na forma de sátira, escrevendo um artigo sobre a importância da tortura para preservar a democracia e a necessidade de proteger os torturadores no seu delicado papel. Foi alvo de inúmeras críticas de gente que até hoje não entendeu a sátira, escrita na tradição de Jonathan Swift, que, uma vez, propôs que os irlandeses dessem suas crianças para serem comidas pelos ingleses.

Entendo também como uma sátira o texto de Peter Sloterdjick, no livro coordenado por Latour, propondo o parlamento pneumático para levar a democracia de cima para baixo aos povos da África e do Oriente Médio. A proposta, bastante detalhada, implica um grande parlamento que, lançado de paraquedas de um avião, a uma altura de mil metros, ao cair seria inflado automaticamente. O parlamento pneumático de Sloterdjick teria lugar para 160 representantes e contaria também com algumas baterias de energia solar.

Quando John Gray questionou a imposição da democracia pela força e a tortura, estava se baseando apenas nos fatos revelados em Abu Ghraib, prisão do Iraque. Esta semana o WikiLeaks revelou inúmeros outros problemas em Guantánamo, onde até um octogenário, com demência senil, era mantido como perigoso terrorista.

O que acontece na Líbia não precisa só das sátira para se incluir na dimensão do absurdo. Basta um exame frio dos efeitos colaterais da luta pela democracia. Esses efeitos não são apenas bombardeios que às vezes atingem civis. São mais concretos e podem, paradoxalmente, representar um recuo na democracia ocidental.

Um exemplo disso é o drama dos refugiados que se concentram na Ilha de Lampedusa e obrigaram a França a interromper os trens que vinham da Itália. Apesar de o papa Bento XVI ter pedido por eles, os refugiados do Norte da África podem provocar um recuo no próprio processo de integração da Europa. Alguns países, como a França e a Alemanha, tendem a questionar o Tratado de Schengen, que permite ao estrangeiro circular, livremente, pela Europa, uma vez admitido num dos países-membros.
Outro efeito colateral interessante foi revelado esta semana pelo jornal The New York Times: um companheiro de Bin Laden, que lutou com ele no Afeganistão, foi preso em Guantánamo e libertado em 2007, é hoje líder de um dos grupos meio bizarros que lutam contra Kadafi. Sem querer, os Estados Unidos tornam-se aliados de um militante da Al-Qaeda.

Todos esses paradoxos que envolvem a democracia liberal não são novos, mesmo dentro do contexto autoritário do comunismo. Quando os tanques entraram em Praga, um grupo pequeno entre nós denunciou aquilo afirmando que o socialismo não poderia ser imposto de fora para dentro, na ponta das baionetas.

O próprio liberalismo, a julgar por pensadores como Gray e Isaiah Berlin, este já morto, pode encontrar um caminho no seu labirinto. Basta desvencilhar-se de um dos polos da contradição que o deforma. O problema é escolher entre o consenso racional sobre o melhor modo de vida ou a aceitação de que seres humanos podem desenvolver-se adotando os mais diversos modos de vida.

Isso não implica passividade diante dos crimes de Kadafi. Mas significa apenas admitir que é um absurdo imaginar que a democracia se vai impor de fora para dentro, com bombas e tortura.

O marxismo foi uma religião secular, com seus ritos e sua mensagem de salvação universal. A ecologia, com o mito do fim dos tempos, corre o mesmo risco, assim como a democracia ocidental, com suas guerras pela liberdade. Ao fundar sua ação na fé, a política, conforme observa o próprio Gray, provou ser tão destrutiva como a religião, nos seus piores momentos.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O PESADELO CEARENSE


A alegria que tomou conta da Caravana da Democracia nesses últimos encontros foi interrompida por mais um ato ilegal, violento e autoritário da Executiva Nacional.  Passamos por cinco estados, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Minas Gerais e a pauta desses encontros foi uma só: Democracia no PV. De maneira muito respeitosa, preservando nossa instituição, nossa história e nossos valores, todas as falas e entrevistas sinalizavam a procura de um acordo interno para equacionar nossa crise.

No entanto, ontem, quando estávamos em Belo Horizonte, em um grande encontro, fomos informados sobre o desligamento do conselheiro nacional Paulo Sombra da Direção Estadual do Ceará. Ele foi o responsável pelo belíssimo encontro do movimento Transição Democrática em Fortaleza, sábado, dia 16 de abril, junto com nosso candidato ao Senado Pólo e nosso vereador Eron.
Surpreendentemente, na segunda-feira, 18 de abril, foi protocolada no TRE do Ceará uma nominata da direção estadual sem o nome de Paulo Sombra, mudança não aprovada em reunião da Executiva Nacional, como estabelece nosso estatuto.

Fato semelhante aconteceu no Mato Grosso do Sul, onde nossos dois apoiadores Luis Fernando Fontanillas e Geraldo Teixeira de Almeida, foram retirados da Executiva Estadual sem que essa mudança fosse aprovada na reunião da Executiva Naciona.
É muito triste que isso ocorra justamente nesse momento, quando estávamos repletos de esperança, pois na semana passada as duas posições em debate no PV finalmente dialogaram.  A meu ver, a Nacional tinha apresentado uma proposta que merecia reparos, mas que julgávamos um considerável avanço e uma disposição para o entendimento. Penso que estávamos à beira de encontrar uma saída de convivência das teses em debate no PV, porém, a pergunta que fica é:  como fazer debate sobre democracia, com a continuidade dos atos autoritários?  Estamos pleiteando ampliação do processo democrático e nem as regras vigentes (direção nacional que delibera sobre as estaduais) são respeitadas!
Nós perdemos a votação no tocante à renovação do mandato da nacional, que por 29 votos a 16 aprovou que a Convenção Nacional deveria ser feita em ATÉ um ano. Assim,  nosso movimento começou a rodar o Brasil para tentar convencer os filiados, dirigentes, parlamentares e prefeitos, que este processo até poderia ocorrer mais cedo para que pudéssemos preparar o PV para as eleições de 2012.
Nós respeitamos a decisão da Executiva Nacional.  O que queremos é definir a data da Convenção, uma vez que o definido foi que seria em até um ano e neste caso pode ser no mês que vem ou em março de 2012.
Acreditamos que é necessário agilizar os processos pois queremos que o PV chegue mais forte em 2014 nas eleições presidenciais, mas para isso é preciso incorporar os ganhos das eleições de 2010, ou seja 20 milhões de pessoas acreditaram na nova forma de fazer política que tanto defendemos. E só seremos esta força se demonstrarmos que essa “nova forma” já existe aqui.  O primeiro passo é a democracia interna, legitimando que cada filiado deve ter direito a escolher suas direções. É preciso deixarmos de ser provisórios e disputarmos eleições em todas as grandes cidades do Brasil.  Em síntese, temos que ser protagonistas no processo eleitoral de 2012, e é só por isso que queremos as mudanças estatutárias até julho de 2011, pois seguramente se isto não acontecer, muitos que desejariam vir para o PV acabarão desistindo por não aceitarem ser tutelados.
Cabe ressaltar que o encontro no Ceará foi muito bonito.  Marina elogiou nosso Presidente Estadual, Marcelo Silva, reconheceu sua luta histórica na construção do PV cearense e nenhum de nós falou uma palavra sequer contra a atual direção nacional.  Pelo contrário, elogiamos os esforços que nos trouxeram até aqui, basta ler todas as entrevistas que foram concedidas.  Aliás,  este tem sido o comportamento dos verdes em todos os estados por onde passa a Caravana da Democracia.
 Marcelo Silva foi convidado para o encontro e chamado a presidir a mesa do seminário, tendo inclusive confirmado presença.  Por estas razões, não entendemos o ato de força retirando nosso Conselheiro Nacional Paulo Sombra da direção do Ceará. Não houve nenhuma reunião da Executiva Estadual que deliberou sobre este fato e, como se não bastasse,  nem a Direção Nacional foi consultada para tal feito. Na nossa última reunião de Executiva Nacional, depois de cinco meses sem se reunir, a única coisa debatida foi a prorrogação do mandato da Nacional. Nenhum estado foi discutido ou deliberado, tanto é que muitos ficaram sem renomeação durante um período. Nessas condições, qualquer mudança nas direções estaduais só pode acontecer a partir da próxima reunião da Executiva Nacional. O estatuto permite apenas a manutenção da Comissão Estadual, respeitada a composição que já vinha operando. Foi o que ocorreu com São Paulo e muitos outros estados. Portanto, qualquer alteração em executivas estaduais é um ato ilegal, pois não passou pelo crivo da Direção Nacional, onde até poderíamos perder no voto, mas pelo menos teríamos garantido o direito de ser minoria.
Persistindo essa situação, só nos restará entrar na Justiça para que prevaleça o que estabelece nosso Estatuto.
Nossa Caravana da Democracia continua.  Na próxima segunda estaremos em Brasília, depois Recife e Porto Alegre e Rio de Janeiro  fazendo o debate não o embate, respeitando nossos companheiros que suaram a camisa para chegar onde chegamos, afinal de contas, só queremos uma coisa: o Partido Verde forte para as eleições de 2014.
Temos o melhor projeto e desejamos eleger a Presidente da República. Penso ser este o desejo de todos os filiados do Brasil.  Não queremos brigar pelo poder interno, só julgamos que nosso estatuto está ultrapassado e, para entrarmos nesse novo momento da história,  precisamos definitivamente construir um Partido em que cada filiado tenha direito de votar e ser votado. Esta é a razão máxima de nosso Movimento.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Minas Gerais recebe a Caravana da Democracia no PV

Nesta terça feira, 19 de Abril, o movimento Transição Democrática, do PV, leva a Caravana da Democracia para a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O evento contará com a participação de Marina Silva, de Mauricio Brusadin, presidente do diretório estadual de São Paulo,  do Vereador Leonardo Mattos (PV),  do ex-deputado e ex candidato a governador do PV José Fernando Aparecido de Oliveira, de Comissões Municipais do PV e de militantes e simpatizantes do partido.

O Grupo “Transição Democrática”, do PV, surgiu após a executiva nacional ter ampliado, em um ano, o mandato de seu atual presidente. O dirigente do PV já está a doze anos no cargo e, como o próximo ano é eleitoral e dificilmente comportaria uma Convenção Nacional, o grupo da “Transição Democrática” tem a preocupação de que o seu mandato dure 14 ou mais anos.

Em 2009, quando convidou Marina Silva para entrar no Partido, a direção nacional do PV teria se comprometido com três pontos, que já estariam em andamento no Partido. Os pontos eram a decisão de ter candidato à presidência, para reafirmar a identidade do PV, a reformulação do seu programa e a adoção de medidas que pudessem democratizar o Partido e abri-lo para as pessoas que querem o desenvolvimento sustentável e que acreditam em uma nova forma de fazer política.

O deputado Zé Fernando, ex candidato a governador do PV, tem acompanhado a Caravana da Democracia pelo Brasil. Ele destaca que “precisamos democratizar o PV e atender as quase 20 milhões de pessoas que acreditaram em nossa proposta para o país. Não dá para falarmos em uma nova forma de fazer política e mantermos um PV em que os filiados não podem nem votar para escolher seus dirigentes”.

No encontro, deverá ser debatida a propostas para a democratização do PV, como eleição direta para a eleição de dirigentes, fim da reeleição, recadastramento dos filiados, a formação de um partido rede, as ações necessárias para aproximar o partido dos 20 milhões de brasileiros que votaram na candidatura verde à presidência e as estratégias para preparar as candidaturas municipais, em Minas Gerais, para a construção de cidades sustentáveis e com políticas públicas inovadoras.

Marina no Ceará

No último sábado, dia 16, a “Caravana da Democracia” esteve em Fortaleza, no Ceará. Mais de 250 pessoas, entre dirigentes do PV, parlamentares e militantes do Partido, receberam Marina Silva. No encontro, Marina Silva deixou claro que ficará no PV e rebateu às criticas que alguns dirigentes do partido tem feito ao movimento Transição Democrática. “Este encontro aqui é sim uma atividade do Partido Verde. É uma atividade do Partido Verde que foi decidida pela Executiva Nacional antes de eu entrar no partido. O que estamos fazendo é discutir a reforma programática e a democratização do PV. Tudo que, conforme me disse a direção do PV quando me convidou para o Partido, já estava sendo feito”, disse Marina. 

Cidadania Honorária – BH irá homenagear Marina Silva

Às 19 horas, desta terça-feira, após ato do movimento Transição Democrática,  a ex-senadora Marina Silva recebe o Título de Cidadania Honorária da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). A homenagem foi apresentada pelo vereador Leonardo Mattos (PV).

De acordo com Mattos, esta homenagem só ratifica o sentimento dos cidadãos da capital mineira. “Marina foi a vencedora, com 40% dos votos (560.037), no primeiro turno das eleições presidenciais de 2010, em Belo Horizonte. Isto demonstra que os belo-horizontinos já a acolheram como legitima cidadã de BH”, afirmou Leonardo.

O Título de Cidadania Honorária é a maior honraria oferecida pelo Poder Legislativo de Belo Horizonte. O Título reconhece que, mesmo não tendo nascido no município, a pessoa homenageada é uma legitima belo-horizontina por sua atuação e por seus relevantes serviços prestados  à cidade.

EVENTOS
16:30 min – Coletiva a Imprensa
Local: Plenário Paulo Portugal – CMBH
17h30min – Reunião com dirigentes e Militantes do PV
Local: Plenário Juscelino Kubitschek
19 horas – Cerimônia de entrega do Título de Cidadania Honorária
Local: Plenário Amynthas de Barros – CMBH
Endereço: Av. dos Andradas, 3.100 – Santa Efigênia – BH/MG
Contatos com a imprensa – Mateus Prado –             011 9499 4781       ou mateusprado@usp.br


quinta-feira, 7 de abril de 2011

O processo é mais importante que o resultado final

Tudo que se passa onde vivemos em nós que se passa. Tudo que cessa no que 
vemos em nós que cessa. Fernando Pessoa



Esse texto é uma reflexão sobre o início de um novo ciclo virtuoso de nossa
trajetória e, para refletir sobre este novo ciclo, cabe relembrar como
chegamos até aqui.

Podemos dividir o processo político do PV em dois outros ciclos virtuosos:
nosso primeiro momento de existência talvez tenha ficado marcado pelo
ativismo predominantemente ecológico e pelas atitudes não conservadoras do
ponto de vista comportamental; em síntese, nosso nascimento esteve
intimamente ligado às contestações tradicionais da política brasileira. Todos os
temas renegados pelos outros partidos para nós eram fundamentais, podendo
ressaltar a onda antinuclear, os movimentos ecológicos e pacifistas, as
liberdades individuais e coletivas, os direitos das minorias e a mudança da
legislação em relação às drogas. Essa fase formatou nosso DNA poltico que
levaremos até o fim de nossa existência.

Em nosso segundo ciclo, o objetivo era aumentar nosso espaço no cenário
político e mostrar a viabilidade eleitoral. Promovemos um processo de
abertura sem abandonar os ideais do nosso nascimento, porém, para conquistar
fatias do poder foi necessário aglutinar forças vivas tendências da
sociedade, pois no bastavam apenas os ambientalistas para construir nossas
listas de candidatos, para construir o Partido num país com as dimensões
territoriais do Brasil e um sistema eleitoral que valoriza mais o
indivíduo do que o Partido. Precisávamos ser pragmáticos sem perder o horizonte
programático. Com essa estratégia ganhamos capilaridade em toda a sociedade,
viabilizamos nosso crescimento, elegemos vereadores, prefeitos e deputados.

Evidente que todo processo de abertura traz consigo alguns problemas, no
entanto a direção do Partido soube cortar os males que vieram deste processo,
e assim conquistamos o respeito e a raiva da classe política, pois fomos
ocupando espaços e colocando em prática nossos ideais. Cabe ressaltar que tudo
isso exigiu um esforço enorme dos dirigentes, pois promover um
crescimento partidário sem a máquina governamental, sem recursos, sem
estruturas consolidadas como sindicatos e igrejas para nos lastrear foi uma
tarefa que exigiu muito suor e trabalho de todos.

O sucesso do ciclo anterior trouxe consigo a possibilidade de, pela primeira
vez em nossa história, construir uma candidatura presidencial com chances
reais de interferir no processo eleitoral bem como colocar de uma vez por
toda a tese da sustentabilidade no eixo do debate eleitoral, por isso o
Partido não mediu esforços para construir suas chapas e candidaturas próprias,
e mostrar para todos que possível fazer política de um novo jeito, mostrar
que podemos crescer com qualidade. As candidaturas de Marina, Fábio e
Ricardo, bem como a eleição, no Estado de So Paulo, de 05 deputados federais e
09 estaduais deixaram claro que já estamos em outro patamar, pois aumentamos
nossa força política e conseguimos garantir a qualidade de nossos
representantes.

Com os resultados obtidos nesse processo, entramos em um novo ciclo e nossas
responsabilidades aumentaram. Pensamos que, para entender esse novo momento,
teremos que nos perguntar o que é esse novo jeito de fazer política. Seria
muita pretensão de nossa parte responder a esta questão, pois é uma pergunta
que ainda está aberto para juntos acharmos as respostas, porém depois de
debater com muitos verdes, queremos dar uma pequena contribuição para
tentarmos entender este novo ciclo e responder a essa difícil questão.

A meu ver o eixo central desta resposta está em definir que o processo para
chegar ao mundo ideal é tão importante quanto o mundo ideal. Se assumirmos
isso como um valor, deixaremos de lado o vale tudo eleitoral tão eficaz na
cultura política brasileira. Se o processo é mais importante que o resultado
final, teremos que rever alguns processos para que possamos dialogar com
todos que desejam esse novo jeito de fazer poltica.

A primeira sugestão se concentra no fato de que o sistema político brasileiro
tornou-se surdo, a classe política no está interpretando o que esta nova
sociedade e economia está dizendo. Se nós, os verdes nos dermos o direito de
ouvir, pode ser o porta-voz destes desejos e cabe a nós desobstruir os
canais entupidos da política tradicional, assim sendo a proposta que
ampliemos todos nossos espaços de debate com a sociedade. Vamos abrir nossas
portas para que todos possam dialogar conosco, da mesma maneira que no ciclo
anteriores tiveram a coragem de uma abertura interna para as pessoas que
desejavam fazer política em nossas fileiras. Agora temos que fazer uma enorme
abertura externa para que as organizações da sociedade civil, os jovens, os
intelectuais, os religiosos, e todos aqueles que desejam essas novas práticas
sintam-se à vontade para construir conosco os elementos de transformação com os
quais sonhamos. Precisamos criar urgentemente, dentro do PV,
instrumentos de absorção destas idéias, pois não existe progresso sem o
contraditório.

A segunda sugestão segue na linha de doarmos um pouco mais de tempo para
entender o que Política em rede. Ainda olhamos para a internet apenas como
um veículo de comunicação, porém lentamente já percebemos que ela é um instrumento
de envolvimento das pessoas no processo político. As agendas ocultas tão
comuns no jogo político estão se estraçalhando e acabamos de entrar na I Guerra
Mundial da era Virtual. Se antes do Wikileaks isso já é era possível, agora será
impossível prever os desmembramentos dos novos acontecimentos; assim sendo,
todos nós do Partido Verde podemos ser o Partido Rede, precisamos estar
conectados a esse novo conceito de política. Nada substituirá os
acontecimentos concretos da vida humana, porém cada vez mais os movimentos
iniciais passarão pelos caminhos virtuais, e se quisermos envolvimento humano
no nosso projeto, precisamos entender melhor como os jovens se relacionam e
conectam-se.

A terceira sugestão consiste em reforçar alguns valores sobre os quais já
falamos e os defendemos, porém precisamos exercitar, na prática, com mais
vontade. So eles: transparência, generosidade, alegria, tolerância,
diversidade, identidade, criatividade, liberdade, idealismo, democracia,
felicidade e espiritualidade. Em síntese, se desejamos fazer política de
maneira diferente precisamos definir coletivamente o que é inegociável para
os verdes. Talvez já tenhamos algumas respostas, entre elas, excluir o
oportunismo, pessoas que passam por cima dos outros, projetos individuais, o
mercantilismo da política, processos totalitários, vaidades, personalismo, assim poderemos negociar nossas estratégias políticas sem perder nossa
essência.

A penúltima sugestão, que ao longo desse processo eleitoral o PV deixou claro, é a de que cada vez mais é preciso discutir um Programa com a sociedade. Basta
lembrar que fomos os únicos que trouxemos novos conteúdos nesta eleição, tais
como, programas sociais de terceira geração, economia criativa e da
biodiversidade, economia da baixa intensidade de carbono, sistema preventivo
de saúde pública e para as novas doenças como obesidade e depressão, educação do
conhecimento para sociedade, pois novos trabalhos exigem novos currículos,
consumo responsável, compromissos éticos com a própria campanha, transporte
fluvial e não motorizado, sistema de avaliação e metas de desempenho no serviço
público e um centro de encontro entre as lideranças, os intelectuais, a
sociedade civil para debater o futuro de todas essas inovações que foram
trazidas por nossas campanhas. Isto mostra que o PV tem um papel de indutor
das inovações na atrasada política brasileira, por isso precisamos, em todas as instâncias, criar fóruns para debater programas
de governo, incentivar a criatividade nas soluções. Se quisermos ser
diferentes, devemos propor políticas diferentes, arejadas e escapar das
soluções tradicionais. Temos certeza de que, nas próximas eleições, estes temas
estarão em todos os debates. Quando falávamos em meio ambiente ninguém desejava
ouvir, hoje todos são obrigados a, no mínimo, se prepararem para o tema. Essa
característica cosmopolita foi o grande legado desta campanha que precisamos
dividir com todos os verdes e criar espaços para a propagação de novas idéias.

Por último, se quisermos participar deste novo ciclo, será necessário ativar o
processo de pensamento, elevando-o para outro nível, abrir esse diálogo
consigo mesmo, como uma conversa continua, novas perguntas exigem novas
respostas. As mudanças que desejamos para a sociedade primeiramente precisam
acontecer dentro de nós, e apenas será possível criar um novo jeito de fazer
política se nos tornarmos novos seres humanos, pois nós somos a política.

Por esta razão, o processo mais é importante que o resultado final. Se
conseguirmos entrar nesse novo ciclo, o fim será o próprio meio, pois ao mudar
nossas formas de pensar, mudarão a forma de fazer política e, certamente,
continuaremos a crescer e conquistar espaços, sempre tendo em mente que o
objetivo maior de todo e qualquer projeto político a felicidade humana.
Por tudo isso penso que o Partido precisa urgentemente fazer os seminários em todos os
estados, e fazermos as mudanças necessárias com urgência para que em 2012 já
entremos na eleição sobre a guia destes novos valores, defendo nossa Convenção
em Julho para que ainda nos meses de agosto e setembro, possamos criar as
condições para as candidaturas próprias em todas capitais e cidades de grande
porte, e assim vocalizarmos aos quatro cantos do Brasil o Novo jeito de Fazer
Política.


Maurcio Brusadin

quarta-feira, 6 de abril de 2011

E ainda tem gente que não entendeu minha reação! Olhem o que estão fazendo

Direção do PV lança ofensiva contra grupo de Marina Silva


Folha de S. Paulo
BERNARDO MELLO FRANCO



06/04/2011 - 09h02
DE SÃO PAULO

Aliados do presidente do PV, José Luiz Penna, iniciaram ofensiva para tentar sufocar o grupo da ex-presidenciável Marina Silva na disputa pelo comando do partido.

Os "pennistas" querem esvaziar a rebelião liderada pela ex-senadora e ameaçam punir Marina e o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) pelos ataques ao dirigente, que preside a sigla desde 1999.

Grupo de Marina Silva rebate ironia de presidente do PV
Na internet, Penna ironiza novatos no PV
Marina volta a criticar dirigentes do PV

Em manifesto na internet, apoiadores de Penna defendem a instalação de uma comissão de ética para enquadrar os dois por desobediência e atitude contra a "boa imagem partidária".

O texto é assinado por Betânia Advíncola, secretária de organização do PV em Pernambuco, mas tem sido divulgado em redes sociais por Patrícia Penna, mulher do presidente da legenda.

"Reconhecemos a força de Marina, mas o partido é maior do que ela. Não podemos ficar reféns de ameaças", disse Advíncola, referindo-se à possibilidade de a ex-senadora deixar a sigla.

"Penna não assinou porque ia parecer personalismo. Seria desagradável para ele pedir uma punição porque o chamaram de ditador."

Em outra frente, o diretório do PV na capital paulista convocou reunião no sábado no mesmo horário de um ato marcado pelos "marineiros".

GUERRA CARTORIAL

Para Sirkis, a iniciativa tem como objetivo esvaziar a reunião do grupo.

"É uma tentativa truculenta de impedir o debate no partido. Penna quer liderar uma guerra cartorial contra a democratização do PV", disse o deputado.

Marina programou uma série de viagens pelo país para tentar mobilizar as bases do partido contra Penna. Ela tenta reverter a vantagem do dirigente na Executiva Nacional, que prorrogou seu mandato por mais um ano.

Depois da reunião em São Paulo, ela programou ato no Rio, no domingo, e em Salvador, na próxima semana.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/898782-direcao-do-pv-lanca-ofensiva-contra-grupo-de-marina-silva.shtml

Mensagem que recebemos de um filiado da capital, é impressionante o que o Autoritarismo é capaz

Que palhaçada é essa?

As reuniões são sempre no último sábado do mês!

Por acaso, está havendo uma pretensão de esvaziar a reunião de sábado, já marcada com antecipação, na Assembléia Legislativa?!

Se os senhores não permitirem que a base ouçam os argumentos dois lados, como esperam apoio?

Que raios de democracia está se defendendo, quando há manipulação clara de ser evitar o embate e debate político!

Esta postura já está me enfurecendo, e eu que era neutro nesta história, começarei a tomar partido, o da aversão à manipulação.

Conclamo aos companheiros de partido a esvaziarem a reunião do Conselho Político, pois esta está marcada sempre para o último sábado do mês; NÃO SERVIREMOS DE FANTOCHE PARA NINGUÉM!!!



MARCOS TRACANA

sábado, 2 de abril de 2011

Prezado Zé (Minha Resposta ao Zé Carlos do Pará)

Seu texto é bom, penso que ele aponta caminhos, isso é a prova viva que o debate é salutar quando o fazemos sobre teses não sobre pessoas.

No entanto, acho que você interpretou equivocadamente minhas palavras, ou eu me expressei mal (como deu para perceber o dom da escrita não me é peculiar), desde minha primeira manifestação sobre esse processo (Sobre Sonhos, Humanos e Autoritarismo), deixei claro qual era meu foco, necessitamos mudança em nossa Carta Interna, penso que o nosso estatuto escrito no século passado, antes da queda do muro de Berlim, e antes da Revolução Digital não esta em sintonia com os desejos desta sociedade do conhecimento que emergiu, nos dois artigos que escrevi e em todos lugares que falei, sempre reconheci o papel histórico dos nossos dirigentes, ou seja, escrevi no primeiro e no segundo documento (Nossa Natureza não é Provisória), que Penna, Sirkis, Gabeira e todos os outros entregaram suas vidas para chegarmos até aqui.

Jamais poderia deixar de reconhecer os esforços de todos que trabalharam para o PV chegar onde chegou, pois para fazer isso teria que jogar fora meus 18 anos de esforço e minha pequena colaboração nessa Maratona, gostaria de deixar claro isso, que meu desejo não destruir o que foi construído pela história, para não apagar minha própria participação nesse processo.
Quanto ao conceito de destruição criadora de Schumpeter só é possível compreender essa idéia com um olhar dialético, ou seja, o novo e o antigo juntos criam uma nova síntese, quando falo do antigo me refiro as idéias contidas no nosso estatuto e o que nós estamos propondo para mudar, me refiro em especial ao caráter de provisoriedade das direções e a ampliação da participação dos filiados nos processos decisórios, essas duas novas idéias deveram dialogar com nosso velho estatuto para criar algo novo, essa nova síntese trará um oxigênio para reorganização do Partido nessa nova fase, após 20 milhões de votos devemos aproximar o PV destes anseios depositados nas urnas.

Não é de minha natureza desmerecer o seu, o meu e o nosso sacrifício para chegarmos até aqui, mas não é por isso que não podemos debater mudanças, e penso que isso é urgente, pois as eleições de 2012 estão chegando e se sinalizarmos para sociedade que entendemos seu recado o PV crescerá ainda mais, penso que o Sérgio e o Sirkis sintetizaram as propostas básicas para esse Caminho, só acrescento que parte da crise atual está no fato de não termos data, para esse debate acontecer, acredito que todos os estados devem fazer seus seminários, a nacional organizar o Congresso e Marcarmos nossa Convenção até Julho, tirando essa incerteza de quando acontecerá o debate a ansiedade de todos diminuirá e nos prepararemos para elevar o nível das propostas bem como buscar um Consenso sobre qual Estatuto queremos, mais democrático, mais autônomo e mais participativo que efetivamente prepare o PV para um dia quem sabe assumir a Presidência da República.

Parafraseando Herbert Daniel, Somos a MINORIA, queremos a Paz!, para tanto é necessário que o território da construção desta Paz se efetive, ou seja, vamos marcar nossa Convenção.
Abraços Fraternos, espero ter esclarecido o mal entendido.

Maurício Brusadin